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DAR GRAÇAS EM TODAS AS COISAS


Alguma vez sentiste como se as circunstâncias da vida estivessem prestes a esmagar-te? Diz-se que nos desgastamos menos com a montanha que escalamos do que com o grão de areia que temos no sapato. Eu concordo. Gostariam de saber quais são os pedregulhos que costumam frequentar os meus sapatos? 

 

  1. Pessoas que tentam fazer-me sentir culpado. 
  2. O meu livro de cheques desequilibrado.
  3. A minha garagem. (Ela prova constantemente a segunda lei da termodinâmica – o universo está a passar de ordem para desordem).
  4. O toque incessante do telemóvel.
  5. A rivalidade entre irmãos.
  6. Coisas que se partem e precisam de ser arranjadas.
  7. Uma torneira a pingar. Uma lareira a deitar fumo. Um cano a pingar no teto. 
  8. Problemas com o carro que ocorrem sempre nas alturas mais inoportunas. 
  9. Uma criança a choramingar. 
  10. Coisas que não estão onde as deixei. Ou esquecer de onde as deixei.
  11. Mais rivalidade entre irmãos.
  12. Um conflito não resolvido familiar.
  13. E tropeçar em todas as coisas que seis crianças podem arrastar! Houve alturas em que o chão da nossa casa simbolizava muitas das circunstâncias da vida: cheio de coisas imprevisíveis e regularmente desarrumado.
    Uma vez fiz um recenseamento do nosso chão: havia livros infantis suficientes no chão para carregar um camião-biblioteca de bom tamanho. E legos! Os legos podem ser criativos e tudo mais, mas deixam-me louco – 10 zilhões de peças, especialmente concebidas para desaparecerem para sempre no aquecimento ou para serem sugadas para o abismo do aspirador. 

Encontrei bonecas suficientes para povoar a cidade dos brinquedos. Tínhamos quatro raparigas a viver na nossa casa e mais de 25 bonecas. E havia mais algumas bonecas suficientes no chão para se pensar que o nosso chão era uma boneca original. 

 

Na sala de jantar, onde tínhamos acabado de jantar, havia comida entornada suficiente para alimentar uma pequena nação africana. Além disso, havia uma lata de coca cola vazia, duas fitas do cabelo de uma boneca desgrenhada e um casaco (um dos nossos filhos atirou-o para lá, na esperança de que crescesse e se multiplicasse nos detritos férteis do chão).

 

Estamos fora do controlo? Parcialmente. Mas não acontece a toda a gente de vez em quando? Pequenas coisas afetam-nos. Frequentemente. 

 

Sinceramente, os grandes problemas são difíceis, e há problemas mais sérios que nos confundem, mas hoje, esta noite, neste momento, é aqui que mais de nós vivemos – no meio das pequenas coisas. Chama-se a isso realidade. 

 

Faz-me lembrar um autocolante de para-choques que vi numa carrinha há algum tempo: A REALIDADE É PARA AQUELES QUE NÂO CONSEGUEM LIDAR COM AS DROGAS. Compreendo realmente porque é que temos uma cultura de “desculpas insatisfatórias”. 

 

 

 

Onde está Deus?

 

Estará Deus envolvido nos pormenores da vida? Poderá Deus querer ensinar-nos alguma coisa num pneu furado? Será que Ele quer mesmo invadir todos os momentos do nosso dia ou prefere reservar o horário das 9:30 a0 12:00 nas manhãs de domingo?

Uma das verdades espirituais mais práticas encontra-se em 1Tessalonicenses 5:18 – “Em tudo dai graças...” Apenas quatro palavras que medem a minha caminhada com Deus. Nunca me esquecerei da primeira vez que ouvi o conceito de dar graças em todas as coisas. Era-me 100% estranho. Eu não pensava assim. Eu estava habituado a chamar às coisas “azar”, a ficar irritado ou a encolher os ombros e murmurar: “Para quê?”

Mas eu comecei a praticar esta ordem recém-descoberta e, para meu espanto, comecei a notar uma mudança na minha atitude em relação à vida em geral. Comecei a perceber que Deus queria invadir todas as áreas da minha vida. Todas as áreas. 

 

 

 

 

Aprender a Dar Graças

 

Será que Ele quer mesmo que demos graças em todas as coisas? “Vá lá, isso não é um pouco fanático?” podem vocês perguntar. Porque é que isto pode ser tão importante para Deus? Deixem-me sugerir três razões:

 

Em primeiro lugar, dar graças em todas as coisas exprime fé – fé no Deus que sabe o que está a fazer – fé no Deus que governa soberanamente tudo o que nos acontece. Não é isso que Ele quer de nós?

 

Em segundo lugar, Ele ordenou que déssemos graças porque sabia que não o faríamos naturalmente. Dar graças em todas as coisas significa que já não estou a andar como um mero homem, a resmungar e a queixar-me das “coisas”, mas a andar como um homem espiritual (1Coríntios 2:14-15) – um homem que vê Deus a trabalhar ... mesmo nos grãos de areia que tendem a encher os meus sapatos. 

 

Não será isto um pouco do que está errado no cristianismo do século XXI? Não divorciamos Deus dos pormenores da experiência quotidiana? Não acabamos por viver como as coisas que não conseguimos controlar? Sejamos honestos, preferimos queixar-nos, lamentar-nos e ser infelizes com as circunstâncias do que dar graças. 

 

Em terceiro lugar, Ele quer ensinar-nos a lidar com os irritantes grãos de areia para que possamos continuar a subir montanhas que Ele tem para nós. Tudo o que vemos são pedregulhos, e pensamos que se pudéssemos remover esses pedregulhos, poderíamos continuar a viver. Mas Deus quer usar esses irritantes para nos instruir e fazer-nos crescer. Pergunto-me quantas vezes Ele teve de me ensinar a mesma lição antes de eu finalmente a aprender ao obedecer-Lhe? 

 

O que se segue é um excerto de uma carta que escrevi há anos e que contém um retrato escrito da nossa família sob o cerco das circunstâncias. 

 

Para começar, há sete semanas que vivemos de malas, com os nossos dois pequeninos, ambos com menos de dois anos, a usarem fraldas Pampers como se fossem donos da fábrica! Podem adivinhar a doença que os atingiu!

 

Já tivemos cheques carecas porque o nosso cheque de ordenado estava nos correios em Dallas e não o conseguíamos levantar para o depositar. Esses cheques sem cobertura não só foram uma facada na minha notação de crédito, como também no meu orgulho. 

 

A minha carteira e a mala da Bárbara foram retiradas da nossa presença (roubadas ou perdidas) na grande cidade do oeste do Texas, a cidade de vejam só – Rising Star. Não só perdemos os nossos cartões de crédito, como também a nossa identificação. Depois de algumas horas de uma procura frustrada e sem encontrar nada, pude finalmente agradecer a Deus por estar a controlar a nossa equipa de desastre em viagem.

 

Ainda gulosos por castigo, seguimos para o Colorado, onde decidimos acampar com os nossos dois filhos pequenos (isto porque não tínhamos dinheiro suficiente para financiar um quarto de hotel). Nessa noite, um dilúvio de chuva acampou connosco. A nossa tenda transformou-se de um abrigo num funil. Mantivemo-nos secos com aplicações maciças de fraldas da Ashley, colocadas em locais estratégicos para absorver as pequenas inundações, que ocorreram repetidamente na nossa tenda. 

 

Quando finalmente chegámos para a formação do Ministério da Família, perguntávamo-nos se éramos nós que o Senhor queria que iniciássemos este ministério no lar. Parecia que a nossa casa tinha bastantes nódoas negras, arranhões e lacerações. Deixem-me confessar-vos que tínhamos perdido a perspetiva de agradecer a Deus em “todas as coisas”. 

 

Alguns dias depois, uma inundação repentina atingiu Estes Park – a pior da história do Colorado – tirando a vida de sete membros da equipa Cruzada o Campus para Cristo. Vonette Bright (a esposa do fundador da CCC) e 21 outras pessoas líderes escaparam por pouco de uma parede de água de seis metros subindo a encosta do desfiladeiro na escuridão total. 

 

Sabem uma coisa? Esse incidente desastroso mudou realmente a nossa perspetiva. Nós não tínhamos problema nenhum. Deus mostrou-nos que tínhamos a nossa vida e o privilégio de servir o Rei dos reis e o Senhor dos senhores. Deus usou aquela tragédia para nos ensinar muitas lições valiosas. 

 

Pressionado? Esmagado? Porque não pensar em dar graças por aquilo que é tão importante? Sentes-te cercado pelas dificuldades diárias da vida? Porque não expressar fé e gratidão por Deus saber o que está a fazer? Estás zangado, ressentido e amargurado com aquilo sobre o qual não tens controlo? Porque não desistir desses sentimentos fúteis e dar graças Àquele que está no controlo? Passaste um dia mau? Uma semana? Um mês? Levanta os olhos e o coração, parando agora mesmo e dando graças Àquele que não desilude. 

 

Tens no sapato um pouco de areia e cascalho que parece uma manada de pedras? Antes de tentar esvaziá-los, porque não paras agora mesmo e dás graças por essa pilha de pedras e pede a Ele que te ensine o que precisas de aprender. 

 

Por vezes, nunca ultrapassamos a necessidade de reaprender as lições mais fundamentais: “Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus para vós em Cristo Jesus.” 


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Artigo Original aqui.

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